Roda de Conversa “Corpos em Tensão: Masculinidades em Perspectiva” amplia o debate sobre os corpos masculinos e suas narrativas na sociedade contemporânea

A Lança Galeria, atualmente em cartaz com a exposição Corpos em Tensão: Masculinidades em Perspectiva, promove uma roda de conversa que extrapola os limites do espaço expositivo e propõe uma ponte potente entre a arte e a vida. O encontro reúne os olhares dos artistas e convidados mediadores para pensar, a partir das obras, as múltiplas vivências e tensões que atravessam os corpos masculinos na sociedade contemporânea.

A roda de conversa contará com a mediação de Everton Mendes, Nego Marcos e Adrielly Honório, além da participação do artista Marcio Marianno, compondo um mosaico diverso de perspectivas que dialogam com as questões suscitadas pela exposição.

Marcio Marianno, artista que mobiliza a pintura a óleo para tensionar as interseções entre gênero, raça e classe, traz para o debate a experiência de quem investiga a hipersexualização e a desumanização do homem negro nas artes e na sociedade. Sua série Touros é um ponto de partida para discutir como as imagens moldam subjetividades, desejos e violências. Na roda, Marianno compartilha os bastidores de sua pesquisa e os desafios de articular crítica social e linguagem estética em um sistema ainda marcado por invisibilizações.

Everton Mendes, neto de Zilda Mendes, filho de Helena Mendes, pai de Carlos Eduardo, Akin e Akili, e companheiro de Pamela Xavier. Psicólogo, pesquisador das relações raciais e das masculinidades, é pós-graduando em Psicologia Decolonial e atua como facilitador de grupos reflexivos. Idealizador do Pluriversais — espaço de escuta e elaboração coletiva para homens negros — também foi consultor de roteiro do documentário Motriz – Roda de Afeto (Globoplay).

Adrielly Honório, alagoana afro-indígena, especialista em gestão da diversidade, contribui com uma leitura interseccional das masculinidades no contexto organizacional e social. Com ampla experiência em promover ambientes inclusivos e de valorização das diferenças, Adriely conecta o debate da exposição à necessidade de repensar práticas, discursos e políticas que perpetuam estereótipos de gênero nos espaços de trabalho e na vida coletiva.

Marcos, Leme (SP), é fundador do projeto @pontepretaleme. Ex-presidiário, transformou sua trajetória em uma ferramenta de impacto, levando vivência, arte e consciência para as quebradas. Em suas palestras, aborda as causas que o levaram ao crime — como violência doméstica, alcoolismo dos pais, racismo estrutural e falta de oportunidades — mostrando como canalizou a raiva por caminhos errados e como é possível transformar dor em força. Já palestrou em escolas públicas, na Fundação Casa e em diversos espaços culturais. Também apresentou stand-up nas Casas de Cultura com o projeto Apenas Uma Ideia e está prestes a estrear o espetáculo Nem Tudo É Tragédia, onde mistura humor ácido com histórias reais da periferia. Sua missão é estar onde a quebrada respira: levando escuta, reflexão e incentivo para quem quase sempre é ignorado.

Inspirada no texto crítico de Bruna Fernanda, a roda de conversa parte da premissa de que “não podemos falar pelos homens, mas com os homens”, como aponta bell hooks. Se a masculinidade está no centro de uma cadeia de relações que sustentam práticas violentas, é também na escuta mútua que se constroem possibilidades de desvio, de questionamento e de reinvenção. As obras de Marianno, Reis e Marcenaria Olinda — ao desnudarem as associações históricas entre masculinidade, trabalho manual, hipersexualização, violência e afeto — são o ponto de partida para que os convidados reflitam sobre como tais imaginários reverberam (ou são desafiados) em suas próprias vidas.

Cada trabalho artístico apresentado na exposição não apenas problematiza os estereótipos da masculinidade, mas também abre fissuras para que novas sensibilidades e subjetividades emerjam. Esses tensionamentos ecoam nas falas dos convidados, que, em suas histórias, corporificam as disputas entre o que a sociedade espera do homem e o que é possível (re)construir a partir da dor, da resistência e da autoconsciência.

Mais do que um encontro de falas, a roda de conversa será um espaço de escuta, troca e provocação, no qual os públicos da exposição, os artistas e os convidados poderão interagir em torno das perguntas: 

1. Como a ideia de “ser homem” aprendida na sociedade influencia a forma como homens se relacionam com o poder — seja aceitando ou rejeitando ele — no dia a dia e em grupo?

2. É possível imaginar um jeito de ser homem que não esteja ligado ao controle, à força ou à violência? Que outras possibilidades existem?

3. O que muda quando falamos em “masculinidades” no plural? Que tipos de corpos são aceitos para viver essas formas diferentes de ser homem — e quem ainda é deixado de fora?

4. Como os padrões sobre o corpo masculino impactam o cuidado com a saúde, as emoções e os relacionamentos afetivos?

5. De que forma a imagem do homem negro como sempre forte e sexualizado contribui para esconder suas emoções e calar suas dores?

O evento reforça o compromisso da Lança Galeria em ampliar os territórios de diálogo e provocar encontros entre arte, vida e sociedade, reafirmando sua vocação para ser mais que um espaço expositivo, mas também um campo aberto de elaboração coletiva.

Serviço:
📍 Local: Lança Galeria – Rua Major Sertório, 81, Conjunto 503, São Paulo/SP
📅 Data e Hora: 31/05/25 (sábado) - 10h - 13h (Conversa - 11h - 12h30)
🎟️ Entrada gratuita